Eu cheguei a Sinop em princípios do ano de 2016. Escola nova e religiosa, duas questões fundamentais que fazem refletir diariamente. De renome municipal e de reconhecimento regional, fui me adaptando a uma instituição que levava consigo apenas a fama e a glória de Deus. Todos que tentassem de alguma forma, mesmo no inconsciente, de ofuscar quem tem de brilhar, era martelado. Igual aquele ditado, prego que se destaca tem de ser martelado. Foi, então, que conheci Leni Ziliotto. Escritora, poeta e cronista. Era assim que me apresentaram. Isso me deixou alegre, pois era a primeira vez que uma escola detinha um certo orgulho de manter em seu quadro de funcionários uma escritora. Aos poucos, fomos conversando e estreitando projetos que passaram a ser reconhecidos pela instituição.
Mas a martelada era forte ao que ousasse a ser melhor que a perfeição, mesmo sabendo que ninguém era perfeito, mas os ecos dos elogios, muitas vezes, dominavam pautas de reuniões que era melhor não elogiar, mas sim dar sugestões para os próximos serem melhores.
Leni era martelada quase sempre. Mas seu paradoxo também agia como ímã. A escritora trombava na poeta e resmungava muitas vezes na cronista, mas todas as Lenis tinham um único objetivo: Ser lida, apreciada e valorizada. Quem não quer isso? Eu também quero. A cada dia, uma nova história, a cada poema, um novo sentimento e a cada crônica, um novo desafio de registrar histórias reais e perpetuar a relevância na cidade.
A escritora tem vários livros, a poeta tem vários poemas, e a cronista, vários registros, mas o que une tudo isso: o paradoxo das Lenis. A contradição é a arma perfeita para angariar mais leitores. De tempos em tempos surge uma nova Leni. Agora, a influencer, outrora, a professora, hoje a escritora, ontem a entrevistadora. Leni muda com as horas, muda com os dias, mas se mantém eternizada por onde passa, porque seus registros vão além de apenas palavras, chegam a perpetuação de pessoas reais que se emocionam, que se alegram por existir uma Leni paradoxal e dar a nós todos os tipos de escritos.
Ano passado, a Academia de Ciências e Letras de Sinop a entregou a premiação de melhor livro do ano – Não aceito ser mais ou menos, daí vem a perfeição das ações que ela faz, e se destacar, como é de praxe. Hoje, residindo em Lucas, não faz o contrário. Brilha, escreve e se perpetua. Quando esteve no Sul, mesma coisa. É evidente a personalidade de Leni, que contrastada com ela mesma, só nos resta apreciar o que vem sempre.
Parabéns, Leni!
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